quarta-feira, 21 de abril de 2010

DIA DA TERRA



Terra, Nosso Lar

A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, está viva com uma comunidade de vida única. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade da vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todas as pessoas. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.


quinta-feira, 15 de abril de 2010

PARABÉNS AO NOSSO ALUNO ERICK!!!


14 de abril de 2010

NASCE UMA ORQUESTRA

A primeira vez no Theatro São Pedro

No lançamento da terceira edição do projeto Rede Parceira Social, 32 crianças e adolescentes da Orquestra de Câmara Jovem do Estado interpretam hoje à noite uma história de superação

Mãos que poderiam estar estendidas pedindo esmola ou fazendo malabarismos num semáforo esta noite tocarão violinos, violas e violoncelos no mítico Theatro São Pedro. Crianças e adolescentes que há oito meses não conheciam a clave de Sol esta noite lerão partituras para interpretar clássicos e canções populares.

Guiados pela batuta do maestro Telmo Jaconi, 60 anos, os 32 músicos da Orquestra de Câmara Jovem do Estado, formada em 2009, serão as estrelas do lançamento da 3ª edição do projeto Rede Parceira Social, da Secretaria da Justiça. Na plateia, familiares dos jovens talentos sentarão ao lado de empresários, políticos e autoridades, como a governadora Yeda Crusius e o secretário Fernando Schüler, idealizador da orquestra como instrumento de inclusão social.

Será a primeira vez que os jovens músicos vestirão a roupa de gala, preta, símbolo de que etapa inicial do aprendizado foi vencida. A maioria deles também vai debutar no uso do sapato social. Nos últimos dias, ficou difícil driblar a ansiedade com a estreia no São Pedro, embora já tenham se apresentado na Praça da Matriz e em cidades do Interior.

– Em várias apresentações senti um frio na barriga. Mas não era nervosismo, era emoção – conta Alan Marcos Dantas, 11 anos, que na segunda-feira ainda não sabia como conseguir a meia preta solicitada para combinar com o traje novo.

No intervalo do ensaio, Alan larga o violino e puxa da sacola um pote de plástico com empadas e enroladinhos. No pátio, vende os salgados preparados pela mãe aos colegas de orquestra e seus parentes. Na segunda-feira, ele levou apenas nove unidades, oferecidas a R$ 1 cada. O dinheiro ajuda no orçamento apertado da família.

A mãe, uma dona de casa, gostava tanto de música erudita que, apesar da proibição dos pais, costumava esperar que eles dormissem para sintonizar a TV durante a madrugada. Só assim conseguia assistir a concertos e espetáculos de ópera . O padrasto, um carpinteiro, toca violão e ensinou os fundamentos do instrumento ao menino. Essa dupla influência fez de Alan um apaixonado por música, mas paixão que seria desperdiçada pela falta de recursos para aprender. Quando a escola informou sobre o projeto da orquestra, o entusiasmo foi tal que a família acompanhou Alan na hora dos testes.

– Eu pensei: “É a minha oportunidade. Não vai ter outra. Vou me agarrar” – lembra Alan, que está determinado a seguir carreira na música.

“A música tem uma coisa mágica”

No penúltimo ensaio, no subsolo do Palácio do Ministério Público, o maestro vira psicólogo por alguns minutos. E ensina, entre enérgico e paternal:

– Ninguém precisa ficar nervoso nem entrar em parafuso. Vamos fazer o que estamos fazendo aqui: nem mais nem menos. A música tem uma coisa mágica. A gente pode estar com dor no cotovelo, mas quando vê o teatro lotado a dor passa. A música cura até dor de cabeça.

No intervalo, parte do grupo não quer sair para o pátio. Continua ensaiando, como se não houvesse um dia ensolarado do lado de fora das paredes centenárias do Forte Apache.

Foi assim em janeiro e fevereiro. Poderiam ter parado nas férias escolares, mas pediram para continuar ensaiando. Depois de 44 anos na Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa), os últimos como primeiro violinista, o maestro Jaconi pediu aposentadoria para se dedicar à nova missão. Apaixonado, nem titubeou: seguiu treinando seus pupilos, como se não houvesse praia, serra ou programa melhor nas tardes de verão.

Todos os 32 integrantes da orquestra foram garimpados em escolas públicas de Porto Alegre. Não se exigia experiência nem intimidade com qualquer instrumento. Dos 1,3 mil inscritos que passaram pelo teste básico de ritmo foram selecionados inicialmente 360 para uma oficina de uma semana. Para a etapa seguinte restaram 45, entre os quais seriam escolhidos os 25 integrantes da primeira formação. O maestro se encantou com o talento de 32, e o secretário Schüler conseguiu negociar com o Banrisul, patrocinador do projeto, a ampliação do grupo. Parceira no projeto desde o primeiro momento, a Federação das Associações de Municípios (Famurs) se encarrega do gerenciamento dos recursos. Além dos instrumentos e das bolsas, o Banrisul paga os oito professores e a produtora artística.

“A orquestra é tudo para mim”

Selecionados em famílias com renda mensal inferior a três salários mínimos, cada um recebe uma bolsa de R$ 190 mensais para garantir o transporte até os ensaios e a alimentação, mas são comuns os casos em que esse dinheiro ajuda no sustento da família. Rafaela de Paula Gomes, 11 anos, conta orgulhosa que ajuda a pagar a conta do telefone. Ela mora com a mãe, garçonete, e o irmão na Ilha das Flores, numa área intransitável em época de chuva. Vem de ônibus para Porto Alegre. Sozinha. E diz que a música mudou sua vida:

– A orquestra é tudo para mim. Aqui conheci gente, aprendi a tocar e é isso que quero ser.

Rafaela começou no violoncelo, mas passou para o violino, instrumento mais adequado a sua estatura. Nunca tinha visto uma partitura na vida. Em oito meses, tornou-se uma das mais promissoras da turma e agora não tem dúvida: quer fazer faculdade de Música, mesmo sonho da maioria dos colegas.

A orquestra também “é tudo” para Izandra Cássia Alves Machado, 14 anos. A menina mora com a avó em um condomínio da Avenida Princesa Isabel, no bairro Santana. Está na 8ª série e toca violino. Desde que entrou para o grupo, suas notas melhoraram, e os professores se orgulham de acompanhar o progresso na música. Hoje, professores, colegas e parentes estarão nas cadeiras do Theatro São Pedro.

Tímida e de poucas palavras, Missaki Kumagai Haro, 11 anos, toca viola de arco, pretende aprender violoncelo e diz que quer ser “a melhor”. Mora no bairro Cristal, frequenta a 6ª série e está no seleto grupo dos que não tiveram mudança no desempenho escolar porque já era uma aluna nota 10. Ela nasceu no Japão e veio para o Brasil com sete anos. A mãe, a dekassegui Cristiane, foi para o Japão em busca de oportunidade de trabalho e lá conheceu o marido, um engenheiro agrônomo de São Paulo que hoje trabalha em um hotel em Porto Alegre. Resolveu voltar para o Brasil quando chegou a hora de Mariana se alfabetizar. Auxiliar de enfermagem, Cristiane se desdobra para acompanhar a filha nos ensaios.

Melhor desempenho na escola é apenas uma das consequências do envolvimento dos adolescentes com a música. A psicóloga Clarissa Meroni, emprestada à orquestra pela 1ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), acompanha o grupo desde o início e testemunha as mudanças no comportamento dos mais agitados e o efeito do trabalho até mesmo nas comunidades onde vivem os músicos.

“Aprendi a lidar com pessoas”

Um dos exemplos mais notáveis é o de Erick Pereira Lobato, 12 anos. Craque em Matemática, também tinha alta habilidade em música. Entrou na orquestra por acaso. Conta que participava de uma competição estadual de soletrar, mas esqueceram de avisá-lo de uma seletiva na escola. Ficou tão aborrecido que, por compensação, perguntaram se não queria se inscrever no teste para o projeto de música. Erick tinha alguma experiência com flauta e topou. Nunca havia cantado, mas não teve dificuldade para acompanhar o examinador que cantava o Hino Nacional:

– Eu era pouco musicalizado, mas imitei a afinação – explica.

Filho de uma chefe de cozinha de restaurante, Erick tornou-se um dos instrumentistas mais promissores. Sua escolha recaiu sobre o violino, instrumento pelo qual sempre tivera uma queda, mas que parecia muito distante da sua realidade de filho de família modesta. Onde Erick não se destacava era nas relações interpessoais. Introvertido e com uma inteligência incomum, não se aproximava de outras crianças, mas a música rompeu barreiras.

– Aprendi a lidar com pessoas que não conheço e a saber como fazer amigos – reconhece.

Erick quer estudar Música e Engenharia Mecânica. Se não conseguir sucesso nas salas de concerto, raciocina, mudará para o outro campo. Mas como a música é a primeira opção, ele adiciona aos ensaios mais uma hora e meia de prática por dia em casa.

– O maestro disse que não basta o talento, tem de ter esforço – justifica.

*Colaborou Itamar Melo

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